quinta-feira, 18 de julho de 2013

Escrever Na Madrugada


O dia do meu regresso a casa foi o dia em que a escrita tomou conta de mim... Uma felicidade familiar invadiu-me e eu adorei sentir-me assim, apesar de ter algum ressentimento por não ter aproveitado melhor as minhas férias.
Foi, para além disso, o dia em que decidi, após uma reflexão cuidada, transmitir a minha experiência dos últimos seis dias.
O primeiro impacto foi, como sempre será, o mais forte. E no meu caso, foi o pior.
Uma sensação de estranheza apoderou-se de mim quando cheguei à casa de férias da família do meu namorado e senti-me como que presa a uma nova realidade que  eu não conhecia nem queria conhecer. Senti-me realmente assustada.
Apesar de ser quase matemática o que um homem e uma mulher sentem, «valerá sempre a pena?». Esta, entre tantas outras perguntas afundavam-me na almofada alta e rija, onde cheguei a chorar baixinho para não ser descoberta, logo na primeira noite.
Como considero característico da mulher moderna, senti um certo desequilíbrio, com infindáveis dúvidas acerca do meu futuro com o meu namorado e a sua família: senti-me como se namorasse não só com ele, mas sim com todos os seus parentes.
Como nunca estive habituada a um enorme conforto entre a “namorada do filho”, a “namorada do neto”, a “namorada do sobrinho”, a “namorada do primo” e a “família toda”, achei que seria fácil para mim não revelar todo o meu mau feitio e desagrado de uma só vez, fazendo-o sim, mediante medidas extremas em que não aguentaria mais um ambiente familiar tao confortável e feliz.
Mas acho que o feitiço se virou contra o feiticeiro, pois o ambiente familiar em que automaticamente fiquei inserida deixou-me perturbadoramente feliz. Agora que penso nisso e fazendo alusão a minha família paterna, consigo perceber o porquê de ter ficado assim. Afinal de contas, a ligação que o meu “mais-que-tudo-com-alguns-se-nãos” tem com o pai e a avó, a tia e os primos é algo extraordinário que eu nunca tive e já não vou a tempo de ter.
Seja como for, acho que mesmo por não estar habituada a este companheirismo é que acabei por me divertir tanto. Senti-me em casa com pessoas que não têm de olhar por mim mas que, por um mero acaso, são parte da família do meu recente namorado.
E agora que experienciei o que é ter mais que uma casa e mais que uma família que se preocupa e olha por nós, acho que “namorar” com a família dele de vez em quando, não tem qualquer mal.



                            M
                  15-Julho-2013
                 (madrugada)




















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